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Saiba como começar o tratamento com cannabis medicinal

A imagem é apenas decorativa.

O uso da cannabis medicinal tem sido cada vez mais discutido e adotado ao redor do mundo devido aos seus potenciais benefícios terapêuticos. A cannabis medicinal se refere ao uso da planta de cannabis – popularmente conhecida como maconha – ou de compostos derivados para tratar sintomas médicos.

Os benefícios da cannabis medicinal estão relacionados a seu potencial no alívio de sintomas de diversas condições médicas, tais como dor crônica, espasticidade muscular em doenças neurológicas, náuseas e vômitos associados a tratamentos de câncer, entre outros. Além disso, estudos têm mostrado que compostos encontrados na cannabis, como o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol), podem ter propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras.

O tratamento com a Cannabis tem sido uma alternativa promissora, visto que em alguns casos ele pode evitar a polifarmácia, reduzindo o uso de medicamentos tradicionais que podem gerar dependência química ou até mesmo problemas gastrointestinais pelo excesso de utilização.

Entretanto, é um tratamento que ainda gera muitas dúvidas, algumas pessoas pensam que para iniciar é necessário passar por processos burocráticos, o que não condiz com a realidade. 

Foi pensando nisso que desenvolvemos este guia prático, elaborado com o apoio da médica Mariana Maciel, especialista em medicina endocanábica – área de estudo sobre os efeitos de derivados canábicos no corpo humano com as principais informações que você precisa saber para realizar seu tratamento. Acompanhe!

 

1º PASSO: CONSULTA MÉDICA 

Para iniciar o tratamento com medicamentos à base de cannabis, é necessária uma consulta com um médico inscrito no CRM (Conselho Regional de Medicina) e prescritor de cannabis medicinal. O profissional irá avaliar se o uso dos remédios é adequado para o quadro de saúde do paciente. 

É possível checar a aptidão do médico para a prescrição da receita no site do CFM (Conselho Federal de Medicina) ou CRMs (Conselhos Regionais de Medicina) de cada Estado. 

Caso o médico conclua que a cannabis é uma opção terapêutica para o caso clínico, ele irá prescrever a medicação e definir o método de administração mais adequado (óleo, hidrossolúvel, intranasal, comestíveis). 

 

“Durante a consulta, discuta suas condições de saúde, conte, com profundidade, sobre seu histórico médico e não esqueça de mencionar tratamentos atuais e medicamentos utilizados. A interação medicamentosa existe”, diz Maciel. 

 

A receita médica é válida por 6 meses. Depois disso é preciso atualizá-la para novas compras.

 

Como achar um médico prescritor de cannabis? 

Para encontrar um médico habilitado em prescrever cannabis medicinal, o paciente pode consultar o site da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), onde constam informações atualizadas sobre médicos autorizados a prescrever cannabis medicinal. Outra opção é o contato direto com clínicas especializadas, onde é possível agendar consultas. Também é possível encontrar informações sobre profissionais licenciados por meio das redes sociais e fóruns relacionados à cannabis medicinal no Brasil.

 

2º PASSO: CADASTRO NA ANVISA PARA AUTORIZAÇÃO DE IMPORTAÇÃO 

Esse passo é obrigatório para todos aqueles que querem acessar medicamentos importados de cannabis medicinal no Brasil, e se baseia na RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 327 de 2019 da Anvisa. 

Para fazer o cadastro é preciso preencher a autorização para importar produtos derivados de cannabis. Clique aqui para acessar a página de cadastro. 

É necessário fornecer todas as informações solicitadas, incluindo dados pessoais, informações sobre o médico prescritor, detalhes da prescrição e dados sobre o produto a ser importado.

 

Também é necessário anexar toda documentação obrigatória: 

  • A prescrição médica (que seu médico pode ter enviado para você de forma on-line); 
  • Documentos de identificação, como RG e CPF; 
  • Comprovante de residência; e outros que possam ser exigidos. 

Depois de enviar a solicitação, é possível acompanhar o andamento do processo pela mesma plataforma. A Anvisa fornecerá as atualizações sobre o status do pedido. Não é preciso pagar taxas para protocolar o pedido de autorização. 

Caso o pedido seja aprovado, a Anvisa emitirá a autorização de importação em nome do paciente. Este documento além de permitir a importação em nome do paciente, também permitirá a importação do produto específico para uso pessoal por até 2 anos. Muitas farmacêuticas auxiliam durante esta etapa.

 

3º PASSO: COMPRA E RECEBIMENTO DO PRODUTO 

A partir da autorização, basta entrar em contato com a farmacêutica recomendada pelo seu médico e adquirir o produto prescrito. A quantidade permitida para a importação é de até 180 dias de tratamento, com base na posologia prescrita. 

 

O produto a ser importado deve ser registrado no país de origem e ser destinado exclusivamente para uso medicinal.

 

4º PASSO: RECEBIMENTO DO PRODUTO 

O importador enviará o medicamento para a residência do paciente. 

 

5º PASSO: ACOMPANHAMENTO MÉDICO REGULAR 

A Thronus Medical informa que é importante que o paciente realize acompanhamento médico regular para que seja avaliado a efetividade do uso e possíveis ajustes no tratamento.

 

“Cannabis é um medicamento. Por isso sua administração precisa ser acompanhada regularmente por um médico. E, como todo tratamento, é necessário ajustar posologia e substâncias conforme necessário”, declarou Maciel.

 

É importante ressaltar que o uso da cannabis medicinal deve ser realizado sob a supervisão de profissionais de saúde qualificados, que podem orientar sobre as melhores formas de administração e dosagens adequadas para cada paciente. Além disso, é fundamental respeitar a legislação vigente em cada país ou estado em relação ao uso da cannabis para fins medicinais.

 

À medida que mais pesquisas são realizadas e mais evidências científicas são obtidas, a compreensão sobre os benefícios da cannabis medicinal continua a evoluir. É essencial que essa evolução seja acompanhada por uma abordagem responsável e ética em relação ao seu uso.